A história, roteirizada e dirigida pela
cineasta paulista Caru Alves de Souza, traz de forma sutil e poética a convivência
da defensora pública Helena (Rita Batata) com os adolescentes infratores da
cidade de Santos, ao mesmo tempo em que tem de assumir o papel de mãe na
relação com seu irmão Caio (Giovanni Gallo). O ponto de tensão da trama se dá
no momento em que a advogada se depara com a realidade do seu trabalho
intrinsecamente ligada à sua vida pessoal, quando seu irmão, após ter cometido
um ato infracional, passa a receber o mesmo tratamento dos menores defendidos por ela.
O longa ficcional traz em sua atmosfera
delicada e bem construída, um tom de militância, abrindo o debate sobre a
maioridade penal e traçando de forma precisa o perfil do menor infrator, na
maioria das vezes negro, de pouca ou nenhuma escolaridade e em situação de
vulnerabilidade social. De Menor
expõe a relação desses jovens com sistema judiciário brasileiro. Judiciário este
que, quase sempre, assume um caráter inquisidor e alheio ao Estatuto da Criança
e Adolescente (ECA).
A inserção de um adolescente infrator,
branco e de classe média no centro da narrativa é mais um ponto que chama atenção
nessa produção. A proposta foi a de quebrar paradigmas e questionar o
julgamento feito por advogados e juízes diante de um jovem longe dos
estereótipos de negro e pobre, comuns à maioria dos infratores. Caru Alves
conseguiu, através de uma proposta original, trazer à tona uma discussão vital
para o processo democrático. Sua obra cumpriu o papel político de um cinema
engajado com as questões sociais. Ao passo em que é arte, De Menor também é denúncia. (Lucas Lourenço) Para
ver o trailer do filme, clique aqui.
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