Descrição para cegos: foto mostra duas meninas e dois meninos em um gramado correndo atrás de uma bola. |
Um dos direitos fundamentais das crianças é o direito ao lazer, e nada melhor do que fazer isso do jeito certo, não? O site Hypescience divulgou no dia 12 um estudo realizado por canadenses que prova, cientificamente, aquilo que a maioria de nós escuta desde cedo: crianças que brincam ao ar livre são mais saudáveis. A publicação original com a pesquisa completa, em inglês, é do The Journal of Pediatrics, em 10 de julho de 2014. (Maryjane Costa)
Por que as crianças precisam brincar ao ar livre?
Se alguém me parasse na rua e me fizesse essa pergunta do título, eu podia muito pegar um café e me acomodar em uma cadeira bem confortável. Iria começar uma sessão de “senta que lá vem a história”, de tantas respostas que eu teria. Mas dessas tantas, a grande maioria me parece muito óbvia: porque criança tem que conhecer o mundo, fazer suas próprias descobertas, ver a natureza – por mais editada que ela seja no nosso jardim.
O único detalhe é que essas minhas respostas não têm embasamento científico algum. Elas são provenientes da minha experiência que, por sinal, foi muito legal ao livre. Mas se você é desses que precisa de provas, pesquisadores canadenses as têm.
A partir de um estudo desenvolvido com crianças do seu país, eles descobriram que aquelas que passam mais tempo brincando ao ar livre são três vezes mais propensas a atender às diretrizes de atividade física diária, e também ficam em melhor forma do que aquelas que passam a maior parte de seu tempo livre dentro de casa.
Brincar ao ar livre
Nada contra as crianças ficarem a uma distância segura dos seus olhos. Mas essas evidências de que falamos servem para reiterar o quão poderoso é o ar livre no processo de desenvolvimento de uma criança. De acordo com o autor Lee Schaefer, se conseguirmos incentivar os estudantes, desde crianças, a passarem mais tempo fora de casa, teremos de fato jovens mais ativos e mais saudáveis de uma maneira geral.
O estudo
Schaefer, que é da Universidade de Regina, em Saskatchewan (Canadá), e seus colegas, estudaram 306 jovens urbanos entre 9 e 17 anos de idade.
Os participantes tiveram que usar dispositivos que mediam seus passos por uma semana e também tiveram que relatar a quantidade de tempo que passavam ao ar livre depois da escola, tanto em atividades obrigatórias quanto para entretenimento.
Resultados
As crianças que relataram estar fora durante a maior parte, ou todas, das suas horas depois do período escolar tiveram quase 20 minutos a mais de moderada a vigorosa atividade física por dia em comparação com aqueles que passaram a maior parte ou todo o seu tempo em ambientes fechados. Esses resultados
foram obtidos depois que a equipe levou em conta a idade das crianças, sexo, massa e época do ano.
Schaefer ressalta que é importante que as crianças brinquem ao ar livre porque quando elas estão em espaços abertos, ficam mais ativas. “O que é realmente importante sobre o estudo não é apenas mostrar que as crianças estão se movendo mais, mas também que elas estão se movendo de forma moderada a vigorosa”, completou o pesquisador.
Estudos anteriores atribuem geralmente baixos níveis de exercício das crianças a uma variedade de fatores, como a difusão de videogames e computadores, mudanças no ambiente construído, que inclui parques e outros espaços verdes etc. Também de acordo com esses estudos, as crianças obtêm a maior parte de seu exercício moderado a vigoroso durante a escola e, em média, apenas 10 minutos por dia depois da escola.
Porém, as cada vez mais rigorosas exigências acadêmicas acabam inevitavelmente levando a menos tempo de brincadeiras ao ar livre na escola, deixando as crianças ainda mais deficientes nessa área, disse Schaefer. Dada a quantidade de tempo que elas passam na escola, as políticas de bem-estar devem incluir o aumento da atividade ao ar livre, escrevem os autores.
Não houve diferença de peso entre as crianças que passaram seu tempo em ambientes fechados ou ao ar livre, segundo o estudo. Mas é bom lembrar que peso não é sempre a melhor maneira de medir se alguém é saudável ou não. “Quando pesamos alguém, nós realmente não sabemos quanto desse peso é gordura ou músculo”, ressalvam os cientistas.
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