Por
Carolina Jurado
O Projeto de Lei (PL) 7.553/14, que libera
a divulgação de imagens e vídeos de adolescentes maiores de 14 anos suspeitos
ou com envolvimento com crimes, está circulando na Câmara dos Deputados. Já foi
aprovado pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática e
está em tramitação na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime
Organizado.
O PL foi proposto pelo deputado Marcos
Rogério (PDT/RO), que defende a ideia de que a divulgação dessas imagens
auxilia a polícia a encontrar os autores dos crimes. Ele ainda deve seguir para
as comissões de Seguridade Social e Família
e de Constituição e Justiça e de Cidadania, para então ser votado no plenário
da Casa.
Sua aprovação alteraria a Lei nº 8.069,
de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em vários
aspectos que pretendem preservar a intimidade, o direito à imagem e a reserva
da vida privada (art. 5º; art. 17; art.18).
Além disso, violaria dispositivos legais
que proíbem a exposição indevida de pessoas, independente da idade, que ocorre
quando alguém é submetido a constrangimento público ou a estigma social,
conforme a Constituição Federal no art. 1º, inciso III; no art. 5º, inciso X; e
no art. 227 e ainda o Código Civil no art. 186.
O PL e seus apoiadores olham para o adolescente
apenas como um criminoso, culpando-o por fatos que poderiam ter sido evitados,
se tivessem sido cumpridas as leis criadas com esse objetivo. Esse projeto, bem
como o de redução da maioridade penal, atendem ao anseio de punição estimulado
por uma mídia irresponsável que lucra com a exploração sensacionalista da
violência, a mesma que diariamente fere os direitos humanos em suas reportagens
policialescas, colocando infratores como “atrações” para seus telespectadores,
dando mais atenção aos que são jovens, negros e periféricos, reforçando o preconceito
contra essa comunidade.
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