Por Neia Alves
Cuidar de uma criança nem sempre é uma tarefa fácil, cuidar de uma criança em condição de doença crônica então nem se fala, requer mais cuidados e atenção especial.
A enfermeira do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HU) e Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Érika Acioli Gomes Pimenta desempenha juntamente com voluntários estudantes da UFPB (que possuem camisas uniformizadas), o Projeto de extensão: De Volta Pra Casa - Preparo para alta hospitalar de crianças e adolescentes dependentes de cuidado de saúde modificados.
O Projeto tem como finalidade auxiliar os responsáveis pela criança ou adolescente em condições especiais (doença pulmonar, doenças cardiovasculares, doenças renais, câncer, diabetes, microcefalia) internados no HU e transferir conhecimento de como cuidar deles após a alta hospitalar.
Érika afirma que o projeto surgiu após sua defesa de Doutorado, que tinha o objetivo de estudar as dificuldades em âmbito domiciliar e como os familiares cuidam desses jovens. "Com a minha pesquisa descobri que as dificuldades vinham da alta, pois os familiares não eram bem preparados pela equipe médica de como cuidar das crianças e adolescentes em casa, o que causava o retorno do paciente para o hospital, pois os cuidados domiciliares não eram realizados adequadamente".
No primeiro ano do projeto (2015) foi realizado apenas pela área de Enfermagem e Fisioterapia, em seu segundo ano (2016), houve a necessidade de incluir o Serviço Social e no quarto ano (2019) a área de Nutrição.
A primeira etapa do processo de acompanhamento é a família preencher um formulário de entrevista de conhecimento sobre a condição crônica da criança/adolescente e explicar à sua maneira do que se trata a condição crônica, as dificuldades e fragilidades para melhor cuidar da criança/adolescente. "Os alunos se
revezam de segunda a sexta, no período da manhã e tarde. Ao chegarem no HU perguntam na equipe hospitalar se há algum paciente com condição crônica que precisa do serviço. Esse estudante, que pode ser de qualquer uma das quatro áreas (enfermagem, fisioterapia, serviço social ou nutrição) vai até o quarto que o paciente está, aplica o formulário, identifica o grau de conhecimento do responsável sobre a doença e caso a resposta não seja completa o aluno explica todas as informações da condição crônica, caso o aluno também não saiba por não ser da área dele, ele estuda sobre o tema e transmite a informação para o responsável", explica a enfermeira. "Eles explicam até onde o Posto de Saúde do bairro deve ser a primeira opção de procura e nos casos que o paciente tem direito de receber benefícios previdenciários do Governo, em qual local o responsável pode se cadastrar e quais documentos são necessários", completa Érika.
O segundo passo é ensinar como cuidar da criança, o jeito correto de colocar uma sonda, como e com qual periodicidade deve trocar a bolsa de colostomia, como aplicar insulina e o jeito correto de descartar o lixo, por exemplo. "Há uma relação de muita dependência da criança/adolescente com a família, por isso capacitamos duas pessoas para uma não ficar sobrecarregada. Preparamos, orientamos e valorizamos o conhecimento que o familiar já tem sobre a condição. Disponibilizamos cartilhas, simulamos situações diversas em bonecos de panos para casos de emergência, adaptamos as necessidades à realidade da família que às vezes moram em casa de barro ou não tem geladeira para conservar a insulina, por exemplo". Relata Érika.
O terceiro passo é o da observação ainda no hospital, antes da alta para verificar se a família está realizando os procedimentos conforme ensinado e se ficou alguma dúvida. O projeto em quase quatros anos já beneficiou em torno de 143 famílias.
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