Descrição para cegos: foto mostra um menino, em meio a
escombros, agindo como quem procura algo. A criança parece estar confusa. (Foto
de Freedom House)
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Por Clara Rezende
Pelo menos 652 crianças sírias foram
mortas, somente no ano de 2016, em decorrência dos conflitos no país, o que
indica um aumento de 20% no registro desses casos em relação ao ano anterior.
Essa é apenas uma das tristes estatísticas apontadas pelo relatório divulgado,
no último dia 13, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
O estudo, nomeado de Atingindo o
fundo do poço: como 2016 se tornou o pior ano para as crianças na Síria,
traz informações que apontam para um crescimento drástico no número de
ocorrências de violações graves contra esses menores.
Uma quantidade reduzida de equipes
médicas disponíveis, medicamentos e instalações apropriadas para tratamentos,
além da concentração de pessoas em áreas de difícil acesso, faz com que uma parcela
dessa alta taxa de mortalidade esteja relacionada a doenças que poderiam ser
facilmente procedida a prevenção ou curadas.
Além disso, os dados indicam que mais de
850 crianças foram recrutadas para combater em zonas de conflito no ano
passado, representando um aumento superior a 50%, quando comparado a 2015. Elas
entram cada vez mais novas e assumem os mais diversos papeis no cenário de
guerra.
A violência também tem um impacto na
educação. Atualmente, na Síria, uma em cada três escolas não pode ser utilizada,
pois está danificada, destruída, sendo usada para fins militares ou servindo de
abrigo. Ano passado, pelo menos 255 menores ficaram feridos ou mortos enquanto
estavam na escola ou em seus arredores. Toda essa conjuntura contribui para que
aproximadamente 1,7 milhão de crianças não esteja tendo aulas regulares.
Ainda segundo o Unicef, grande parte da
população síria vive abaixo da linha da pobreza. Sendo assim, muitos pais fazem
com que as crianças realizem trabalhos - na maioria das vezes manuais - ou se
casem precocemente, na tentativa de garantir mais recursos financeiros para a
renda familiar.
De acordo com as estimativas, após 6
anos de guerra, 2,8 milhões de crianças vivem dentro da Síria em áreas de
difícil acesso, mais de 280 mil estão em cercos e 2,3 milhões estão refugiadas
em países vizinhos, em situações de vulnerabilidade.
Tendo isso em vista, a agência da
Organização das Nações Unidas (ONU) quer que sejam tomadas medidas políticas
imediatas para solucionar o conflito e que as graves violações contra crianças
tenham um fim. Além disso, também apela para que as missões humanitárias tenham
acesso a todos os menores necessitados, inclusive aos que estão em cercos, e pede
apoio financeiro para continuar realizando esse trabalho assistencial.
O relatório na íntegra, em inglês, pode
ser baixado e conferido aqui.
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