segunda-feira, 27 de março de 2017

Síria: crianças “atingem o fundo do poço” em 2016


Descrição para cegos: foto mostra um menino, em meio a escombros, agindo como quem procura algo. A criança parece estar confusa. (Foto de Freedom House)

Por Clara Rezende

        Pelo menos 652 crianças sírias foram mortas, somente no ano de 2016, em decorrência dos conflitos no país, o que indica um aumento de 20% no registro desses casos em relação ao ano anterior. Essa é apenas uma das tristes estatísticas apontadas pelo relatório divulgado, no último dia 13, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

        O estudo, nomeado de Atingindo o fundo do poço: como 2016 se tornou o pior ano para as crianças na Síria, traz informações que apontam para um crescimento drástico no número de ocorrências de violações graves contra esses menores.
        Uma quantidade reduzida de equipes médicas disponíveis, medicamentos e instalações apropriadas para tratamentos, além da concentração de pessoas em áreas de difícil acesso, faz com que uma parcela dessa alta taxa de mortalidade esteja relacionada a doenças que poderiam ser facilmente procedida a prevenção ou curadas.
        Além disso, os dados indicam que mais de 850 crianças foram recrutadas para combater em zonas de conflito no ano passado, representando um aumento superior a 50%, quando comparado a 2015. Elas entram cada vez mais novas e assumem os mais diversos papeis no cenário de guerra.
        A violência também tem um impacto na educação. Atualmente, na Síria, uma em cada três escolas não pode ser utilizada, pois está danificada, destruída, sendo usada para fins militares ou servindo de abrigo. Ano passado, pelo menos 255 menores ficaram feridos ou mortos enquanto estavam na escola ou em seus arredores. Toda essa conjuntura contribui para que aproximadamente 1,7 milhão de crianças não esteja tendo aulas regulares.
        Ainda segundo o Unicef, grande parte da população síria vive abaixo da linha da pobreza. Sendo assim, muitos pais fazem com que as crianças realizem trabalhos - na maioria das vezes manuais - ou se casem precocemente, na tentativa de garantir mais recursos financeiros para a renda familiar.
        De acordo com as estimativas, após 6 anos de guerra, 2,8 milhões de crianças vivem dentro da Síria em áreas de difícil acesso, mais de 280 mil estão em cercos e 2,3 milhões estão refugiadas em países vizinhos, em situações de vulnerabilidade.
        Tendo isso em vista, a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) quer que sejam tomadas medidas políticas imediatas para solucionar o conflito e que as graves violações contra crianças tenham um fim. Além disso, também apela para que as missões humanitárias tenham acesso a todos os menores necessitados, inclusive aos que estão em cercos, e pede apoio financeiro para continuar realizando esse trabalho assistencial.

        O relatório na íntegra, em inglês, pode ser baixado e conferido aqui

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