Descrição para cegos: foto mostra, em primeiro plano, uma menina aplicando maquiagem enquanto se olha no espelho, tendo uma outra criança ao seu lado encarando o processo. Ao fundo encontra-se uma multidão, predominantemente adulta, alheia à situação. |
Por Mateus Araújo
Parece que a cada ano fica mais difícil
delimitarmos até que idade uma criança ainda pode ser chamada assim. Os valores
se interceptaram e hoje, principalmente com o advento da publicidade infantil, fizeram
com que essas crianças não sejam mais apenas isso, mas versões menores dos seus
pais, ou seja, pequenos adultos.
O consumo de canais de televisão sem a preocupação com a classificação etária, o livre acesso à Internet sem um olhar atento dos responsáveis e a publicidade que dissemina consumismo para um público que ainda não tem maturidade para encarar tudo isso com criticidade são alguns dos problemas que alimentam a adultização precoce nas crianças.
O conceito de infância mudou ao longo dos
anos e a mídia tem grande responsabilidade nisso. Foi através dela que as
crianças viram como desejável a tecnologia em relação aos brinquedos e
brincadeiras clássicas da faixa etária. Assim como a mudança de valores
comportamentais e sociais, visto que são empurrados diariamente para essas
mentes jovens discursos construídos em bases, muitas vezes, sexistas.
E ao que parece é que os pais se vangloriam
disso. Enchem a boca ao dizer que seus filhos são muito inteligentes,
comunicativos e maduros para idade. Esquecem que essas crianças precoces vão se
preocupar com responsabilidades e questões emocionais muito antes do que
deveriam. E é aí que surge outro problema, a sexualização precoce.
Não é incomum vermos casos sendo repercutidos
na mídia, como o de Valentina Schulz, de 12 anos, que participou do MasterChef
Júnior em 2015 e foi bombardeada, no Twitter, por comentários pedófilos logo no
primeiro episódio.
Esses são problemas que tendem a repercutir por
toda a vida das crianças que passaram pelo processo de adultização como, por
exemplo, resistência em receber influências de forma natural, dificuldade de
convívio com outras crianças e exposição a doenças consideradas adultas, como pressão
alta, colesterol, depressão e estresse, como relata a psicóloga Fernanda Couto
no site Centro Apoio Educação e Saúde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por participar. Seu comentário será publicado em breve.