terça-feira, 7 de março de 2017

Adultização precoce: problema para a vida inteira

Descrição para cegos: foto mostra, em primeiro plano, uma menina aplicando maquiagem enquanto se olha no espelho, tendo uma outra criança ao seu lado encarando o processo. Ao fundo encontra-se uma multidão, predominantemente adulta, alheia à situação.

Por Mateus Araújo

Parece que a cada ano fica mais difícil delimitarmos até que idade uma criança ainda pode ser chamada assim. Os valores se interceptaram e hoje, principalmente com o advento da publicidade infantil, fizeram com que essas crianças não sejam mais apenas isso, mas versões menores dos seus pais, ou seja, pequenos adultos.


O consumo de canais de televisão sem a preocupação com a classificação etária, o livre acesso à Internet sem um olhar atento dos responsáveis e a publicidade que dissemina consumismo para um público que ainda não tem maturidade para encarar tudo isso com criticidade são alguns dos problemas que alimentam a adultização precoce nas crianças.
O conceito de infância mudou ao longo dos anos e a mídia tem grande responsabilidade nisso. Foi através dela que as crianças viram como desejável a tecnologia em relação aos brinquedos e brincadeiras clássicas da faixa etária. Assim como a mudança de valores comportamentais e sociais, visto que são empurrados diariamente para essas mentes jovens discursos construídos em bases, muitas vezes, sexistas.
E ao que parece é que os pais se vangloriam disso. Enchem a boca ao dizer que seus filhos são muito inteligentes, comunicativos e maduros para idade. Esquecem que essas crianças precoces vão se preocupar com responsabilidades e questões emocionais muito antes do que deveriam. E é aí que surge outro problema, a sexualização precoce.
Não é incomum vermos casos sendo repercutidos na mídia, como o de Valentina Schulz, de 12 anos, que participou do MasterChef Júnior em 2015 e foi bombardeada, no Twitter, por comentários pedófilos logo no primeiro episódio.
Esses são problemas que tendem a repercutir por toda a vida das crianças que passaram pelo processo de adultização como, por exemplo, resistência em receber influências de forma natural, dificuldade de convívio com outras crianças e exposição a doenças consideradas adultas, como pressão alta, colesterol, depressão e estresse, como relata a psicóloga Fernanda Couto no site Centro Apoio Educação e Saúde.

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