Descrição para
cegos: desenho de um boneco com as mãos juntas na frente da boca e os cotovelos
apoiados na mesa. Ele encara a tela de um computador. Sua testa está franzida.
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Por Mariana Lira
A palavra “meme” vem do grego e
significa “imitação”. O termo “meme da
internet” é usado para descrever um conceito que se dissemina rapidamente na
rede, algo que se espalha através da internet, semelhante ao viral.O livro The Selfish Gene (O Gene Egoísta) por Richard
Dawkins, publicado em 1976, define um “meme” como “uma unidade de evolução
cultural” que se propaga de indivíduo para indivíduo. Podemos dizer que,
segundo esta definição, qualquer conhecimento relacionado à cultura que seja
transmitido através de um indivíduo para o outro é um “meme”.
Mesmo antes das redes sociais, já se
trocavam e-mails com vídeos ou fotos que marcaram gerações. Provavelmente
receberam e encaminharam vídeos como “Joseph Climber – uma história de
superação”, ou o “Trote da Eliana”, mais conhecido como “o neném tá ficando
roxo, tio”.
Qualquer coisa pode virar um meme. Eles
surgem, na maioria das vezes, através de críticas bem-humoradas a “deslizes” que
se tornam públicos. Você provavelmente se recorda que “Luíza está no Canadá” e
que foi preciso certificar-se de que “Já acabou, Jéssica?”, isso porque essas
frases tornaram-se bordões popularizados na internet. Segundo Eric Santos, aluno
de Rede de Computadores do Instituto Federal da Paraíba, os memes surgem a
partir de postagens com intenção de ser cômicas e assim são acolhidos pelo
público.
Tendo em vista o sucesso desse tipo de
conteúdo, surgiram centenas de páginas, perfis e grupos nas redes sociais com o
intuito de produzir e compartilhar novos memes. Os jovens consomem esse tipo de
conteúdo com bastante frequência, e reproduzem essas expressões, frases feitas
e onomatopeias inclusive fora da internet. Ou seja, os memes tornaram-se também
um vício de linguagem, semelhante às gírias.
Conforme pesquisa feita no grupo “How to deslearne english ”, pré-adolescentes
e adolescentes,com predomínio do sexo masculino, são mais ativos na circulação
de memes. Luana Lira, psicóloga clínica especialista em Psicologia Cognitiva
Comportamental, afirma que é durante essa fase que os jovens buscam
relacionar-se além do seio familiar, logo, é conveniente usar como artifício o
meio virtual para este fim. Ela alerta que jovens que apresentam carências ou
déficits psicológicos são mais propensos a imergirem nesse universo virtual, acarretando
um vício.
Grande parte dos colaboradores da
pesquisa relacionou a exploração de memes a momentos de tristeza, estresse e
ansiedade, admitindo gasto de tempo na internet como refúgio para esses
momentos. “Muitas vezes me refugio nos memes, pois sei que eles não
irão me magoar como pessoas reais. Não tenho muitas skills (habilidades)
sociais com pessoas comuns, só consigo muitas vezes conversar com pessoas que
conhecem memes e têm a mesma personalidade que eu. Memes foram um jeito para eu
me socializar, mesmo que com poucas pessoas”, contribuiu um participante da
pesquisa.
Eric Santos é adepto das mídias sociais e
dos memes. Ele garantiu que em seu círculo de amizades, compreendido por jovens,
alguns dos componentes apresentam instabilidade emocional e se acobertam pelo
uso frequênte de memes, tanto nas redes sociais, como no dia a dia, tentando
omitir suas realidades.
A psicóloga confirma que uma
característica dessas patologias psicológicas é o isolamento. O indivíduo apega-se
com o mundo virtual, tendo-o como mundo ideal e como escape da realidade, na
qual seria necessário enfrentar seus medos e aflições. Ela complementa que é
possível perceber problemas psicológicos através da observação dos assuntos
compartilhados de forma repetitiva e, na maioria das vezes exageradamente
sarcásticas.
Neste ponto, podemos considerar os memes
como “máscaras sociais”, compreendendo que compartilhamentos em série sobre
assuntos de teor irônico, sarcástico ou exageradamente apelativo para o humor,
podem estar encobrindo sentimentos reais, opostos ao que se compartilha,
omitidos pelos indivíduos.
Rafael Paz, participante e criador de
conteúdo de grupos e páginas de memes, questionado sobre a correlação entre
memes e tristeza, disse acreditar que “os memes estão relacionados com a
‘bad’(tristeza/ansiedade) porque as pessoas quando estão tristes, seja lá o seu
motivo, procuram algo para entreter-se de forma que as deixe felizes. O
facebook é uma mídia tão ampla que literalmente todos acessam diariamente. É nessa
parte que os memes entram em cena. Claro, não são todos os casos, porém deve-se
aceitar o fato dessa possibilidade. ”
Tal
possibilidade é real e confirmada tanto pelos jovens, como por psicólogos.
Quanto à positividade desse fato para a vida dos jovens, Eric acredita que
imergir no universo do memes pode representar uma melhora
momentânea, mas não é o suficiente. A psicóloga Luana Lira confirma que,
principalmente em casos mais avançados de depressão ou ansiedade, os memes
podem ser de grande ajuda para interação do indivíduo anteriormente isolado.
Entretanto, é necessário alertar que
deve existir um limite do tempo gasto com internet, para que o jovem não migre
de um quadro – de depressão, ansiedade ou similares – para um vício. Em todos
os casos, a indicação para essas situações é informar aos familiares ou amigos
próximos que auxiliem na procura de um psicólogo, para que se comece, de fato,
um tratamento eficaz.
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