Alguém
não acreditou que ele fosse um caso perdido
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Foto: divulgação/pôster do filme. Descrição para cegos: cartaz do filme O Contador de Histórias mostra fotos dos personagens dispostos na diagonal. Além do título, há informações e dados técnicos. |
Estou aqui para falar
de um filme lindo e brasileiríssimo. A produção biográfica dirigida por Luiz Villaça é intitulada “O
Contador de Histórias”, e confesso que arrancou-me algumas lágrimas no dia em
que sentei no sofá de minha sala para acompanhar o enredo.
O filme é de 2009 e baseia-se
na vida de Roberto Carlos Ramos, que hoje, formado em pedagogia, é reconhecido
como um dos dez melhores contadores de história do mundo. Auto-intitula-se de
Embaixador do País das Maravilhas.
A história se passa na
década de 1970 e conta como Roberto viveu dos seis aos treze anos como interno
na Febem, Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor - atual Fundação CASA - ,
e mesmo sendo rotulado pela instituição como irrecuperável, foi adotado pela
pedagoga francesa Margherit Duvas, que com muito carinho e educação conseguiu
resgatá-lo do analfabetismo e da marginalidade, transformando-o assim no grande
profissional que é hoje.
Naquela época o ECA
ainda não estava em vigor, pois só foi aprovado em 1990. As famílias vÍtimas da
pobreza eram encorajadas a entregar seus filhos à Febem, acreditando que lá
eles teriam mais chances, estudo. Assim aconteceu com Roberto, e, como vemos no
decorrer da trama, retrato do que acontecia verdadeiramente, o destino comum
daqueles que chegavam à instituição era o crime.
Hoje as crianças e
adolescentes possuem um estatuto e seus direitos garantidos por lei, mas
existem pessoas defendendo que estamos superprotegendo-as. O adolescente que
comete crime é considerado irrecuperável por esse tipo de pessoa, como um dia
Roberto foi, mas com ajuda de alguém que acreditou e foi contra isso, hoje ele
pode dizer que é um vencedor. (Maryjane Costa)
Vale a pena conferir
este filme que foi premiado com o selo da Unesco, Organização das Nações
Unidas.