segunda-feira, 26 de maio de 2014

Quando palmadas não edificam

Foto: Wikimedia Commons. Descrição para cegos: foto em preto e branco mostra
uma mulher sentada no banco de trás de um carro com uma menina no colo. Ambas
estão sorrindo e se olhando.

Jhonattan Anderson

A lei da Palmada, rebatizada de Lei Menino Bernardo, foi aprovada na última quinta (22) pela Comissão e Constituição de Justiça da Câmara (CCJ), e agora segue para análise no Senado. Rebatizada em referência ao caso de Bernardo Boldrini, garoto de 11 anos assassinado pelos pais no Rio Grande do Sul, a lei proíbe que pai e responsáveis batam em menores de 18 anos. Os responsáveis que descumprirem a lei receberão tratamento psicológico e cursos de orientação, além de advertência.
Quando eu era criança, assim como a maioria dos que leem este texto neste instante, levei algumas palmadas, castigado logo após algum momento de travessuras. Bem, agora que cresci, posso dizer que aprendi muitas coisas com meus pais. Mas posso dizer também, certamente, que não aprendi tudo com palmadas. Se sou honesto, é porque nunca vi meus pais enganando alguém. Se tenho responsabilidades e sou esforçado, é porque eles estavam sempre ali, tomando conta de mim, tendo responsabilidades e se esforçando. Eu não aprendi com seus punhos, mas com suas ações e palavras; não com surras, mas com sua presença.
No fim das contas a discussão real não deveria ser se você bate ou não nos seus filhos, mas sim, porque você o faz. A criança quebrou algo seu, então você é paciente e a ensina que aquilo foi errado, ou você descarrega sua raiva e frustração na criança, exercendo um dito “direito” seu de bater em alguém que não pode revidar? Você faz porque é a única alternativa, ou será por que você apenas segue a receita padrão, mecânica, em vez de se empenhar e buscar outra solução?

Eu não cresci traumatizado por ter levado umas palmadas, mas não porque isso é certo, e sim porque eu tinha alguém para confiar e me espelhar. Pela agressão, não vem o respeito, e sim o medo. Tudo é uma questão de parar e olhar para si mesmo, ver se você está realmente se esforçando para ser um exemplo para seus filhos, se você está ali por eles, e não apenas punindo-os por não fazerem algo do jeito que você quer.

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