Foto: Wikimedia Commons. Descrição para cegos: foto em preto e branco mostra uma mulher sentada no banco de trás de um carro com uma menina no colo. Ambas estão sorrindo e se olhando. |
Jhonattan
Anderson
A
lei da Palmada, rebatizada de Lei Menino Bernardo, foi aprovada na última
quinta (22) pela Comissão e Constituição de Justiça da Câmara (CCJ), e agora
segue para análise no Senado. Rebatizada em referência ao caso de Bernardo
Boldrini, garoto de 11 anos assassinado pelos pais no Rio Grande do Sul, a lei
proíbe que pai e responsáveis batam em menores de 18 anos. Os responsáveis que
descumprirem a lei receberão tratamento psicológico e cursos de orientação,
além de advertência.
Quando
eu era criança, assim como a maioria dos que leem este texto neste instante,
levei algumas palmadas, castigado logo após algum momento de travessuras. Bem,
agora que cresci, posso dizer que aprendi muitas coisas com meus pais. Mas posso
dizer também, certamente, que não aprendi tudo com palmadas. Se sou honesto, é
porque nunca vi meus pais enganando alguém. Se tenho responsabilidades e sou
esforçado, é porque eles estavam sempre ali, tomando conta de mim, tendo
responsabilidades e se esforçando. Eu não aprendi com seus punhos, mas com suas
ações e palavras; não com surras, mas com sua presença.
No
fim das contas a discussão real não deveria ser se você bate ou não nos seus
filhos, mas sim, porque você o faz. A criança quebrou algo seu, então você é
paciente e a ensina que aquilo foi errado, ou você descarrega sua raiva e
frustração na criança, exercendo um dito “direito” seu de bater em alguém que
não pode revidar? Você faz porque é a única alternativa, ou será por que você
apenas segue a receita padrão, mecânica, em vez de se empenhar e buscar outra
solução?
Eu
não cresci traumatizado por ter levado umas palmadas, mas não porque isso é
certo, e sim porque eu tinha alguém para confiar e me espelhar. Pela agressão,
não vem o respeito, e sim o medo. Tudo é uma questão de parar e olhar para si
mesmo, ver se você está realmente se esforçando para ser um exemplo para seus
filhos, se você está ali por eles, e não apenas punindo-os por não fazerem algo
do jeito que você quer.
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