Descrição para cegos: imagem mostra, sobre uma parede de tijolos amarelos, uma sombra segurando uma grade. |
Por Marília Cordeiro
Nas
últimas semanas a proposta de emenda para redução da maioridade penal no Brasil
voltou a ser tema de debates na mídia e na Câmara dos Deputados. Na grande
mídia prevalece o apoio praticamente sem contrapontos, mostrando um
posicionamento único que objetiva o convencimento da população.
Uma
grande parte da mídia se orienta pelo sentimento de vingança. A defesa da redução
é mostrada como se os menores não fossem punidos ou não cumprissem nenhuma
medida socioeducativa. Todos os discursos que incitam vingança caracterizam o
Brasil que eles mesmos criticam: imediatista e sem compromisso com
investimentos em políticas sociais.
Na
maioria dos crimes cometidos por adolescentes são mostrados os efeitos que essa
violência traz e não as suas causas. São discutidas as formas de repressão ou
punição, e não como a violência poderia ser evitada. A maneira como os crimes
de homicídio são expostos, nos dá a impressão de que são os mais frequentes e
precisam de uma punição imediata.
Contrariando
essas informações, o último relatório da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a
Infância) “Porque dizer não à redução da idade penal” mostra que crimes de
homicídio são exceção. Segundo uma pesquisa feita na cidade de São Paulo,
observa-se que a maioria dos delitos são caracterizados como crimes contra o
patrimônio. Furtos, roubos e porte de arma totalizam 58,7% das acusações
enquanto o homicídio não chegou a representar nem 2% dos atos imputados aos
adolescentes.
A
redução da maioridade penal é uma tentativa falha e expõe aspectos muito mais delicados
do que se pode prever. A vingança imediatista através de uma punição falida não
reduzirá problemas como exclusão, desigualdade social e falhas na educação
familiar e escolar. De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), os
países que aprovaram a redução da maioridade penal não registraram diminuições
significativas nos índices de violência, o que comprova mais uma vez que o
sistema penitenciário não socializa e contribui ainda mais para criminalidade.
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