Descrição para cegos: ilustração em fundo branco mostra silhuetas, na cor preta, de uma família. Da esquerda para direita, há um menino, uma mulher, um homem e uma menina, todos de mãos dadas. |
Por Luíza Araújo
Um dos principais desafios do Serviço de
Acolhimento em Família Acolhedora, em João Pessoa, é a idade. O Serviço é o
meio de convivência em ambiente familiar e em comunidade para as crianças e
adolescentes afastados de suas famílias de origem por situações de risco,
violação de direitos e vulnerabilidade.
Geralmente, os pais
acolhedores evitam bebês com idade entre 0 e 6 meses. “A gente diz [às
famílias] que há bebês mas elas preferem as crianças de 3 a 6 anos e procuramos
saber o porquê. Porque elas colocam a criança no Crei (Centro de Referência em
Educação Infantil), que tem horário integral, e vão trabalhar. A criança entra
de manhã e sai de 16h30, que é o tempo que elas saem do trabalho e vão pegar a
criança”, conta Suely Luna, coordenadora do Família Acolhedora em João Pessoa.
Os bebês que
permanecem no abrigo perdem a chance de um serviço individualizado como o
acolhimento familiar, quando estes não são direcionados à adoção. “Não quer
dizer que os abrigos sejam ruins, tem abrigos excelentes, mas imagine você ter
uma criança numa casa que tem horário de dormir, horário de comer. Tem uma família
ali! [A criança] saiu da casa dela, ela vai para uma casa que tem o mesmo
padrão que tinha antes. Por mais que seja bom o abrigo, é totalmente diferente
de uma família individualizada, em que você vai ter um carinho e uma atenção
maior”, expõe Suely.
Além
disso, o apego traz um grande desafio às famílias acolhedoras mas, para isso, a
solução pode ser trabalhada de acordo com o acompanhamento de assistência
social e psicológico, tanto para a família quanto para o acolhido. Ambos devem
compreender que aquele ambiente e vivência são temporários e que, ao término do
período de acolhimento, seu contato não precisa ser encerrado por completo.
Mesmo
com pouca visibilidade, o Serviço ainda cresce no Brasil, principalmente com o debate público
proposto em 13 de setembro pelo Ministério da Justiça e Cidadania, que visa acolher
sugestões para aprimorar o Estatuto da Criança e do Adolescente reduzindo o
processo de adoção para, no máximo, oito meses, enquanto a Família Acolhedora
ganha como proposta a prioridade no acolhimento de crianças de 0 a 6 de idade.
Tendo em vista os benefícios que o Serviço traz para o meio social e,
principalmente, para as crianças e adolescentes em risco ou vulnerabilidade,
políticas públicas que visem sua ampliação e maior acesso de pessoas
interessadas são mais do que necessárias para o convívio e desenvolvimento de
todos.
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