quinta-feira, 9 de maio de 2019

UFPB e UFPE se unem em Projeto para ouvir crianças e adolescentes

Descrição para Cegos: Em ilustração está à esquerda um adulto curvado com a mão na sua orelha que está em tamanho maior que o normal. E à direita um garoto falando no sentido da orelha do adulto, segurando um papel escrito "planos". Acima da cabeça do garoto há uma lâmpada grande e iluminada. Imagem: Revista Ponto Com


Por Neia Alves

            Quem disse que o público infantojuvenil não tem poder de voz ou capacidade de opinar e expressar seus pensamentos? Foi através desse ponto de partida que Maria Natália Santos Cavalheiros, Docente do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e sua orientadora do Doutorado Daniela Tavares Gontijo, Docente do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), sentiram a
necessidade de desenvolver um projeto de extensão sobre essa temática e então
surgiu o: "Vamos ouvir as crianças? Pensando ações de promoção da saúde na
escola sob a ótica de estudantes do ensino fundamental".



O Projeto

             Iniciou em Março de 2019, após a aprovação da tese de Doutorado da Natália e utiliza-se da metodologia de Paulo Freire, que consiste na participação ativa do
sujeito. Vai ao encontro da perspectiva da promoção de autonomia frente a própria
vida, que se caracteriza como um dos principais objetivos da Terapia Ocupacional.

              O "Vamos ouvir as crianças" será realizado em 3 etapas. A Primeira (2019) consiste em identificar a promoção de saúde através da ótica da criança/adolescente; compreender e identificar as relações que esse público estabelece entre saúde e ocupações (tomar banho, trocar de roupa); o que o menor entende por saúde e qual a perspectiva dele e como a relaciona com o envolvimento ocupacional. A Segunda etapa (2020) consiste em círculos de investigação temática.

            Nesse momento serão levantados os temas gerados para discussões futuras, ou seja, o que eles querem trabalhar em promoção da saúde. Já a Terceira etapa (2021), seráo momento de pensar em como a Terapia Ocupacional pode ajudar na promoção de saúde de crianças e adolescentes, a partir do que foi levantado nas etapas anteriores, pois algumas atividades exercidas por eles podem otimizar ou prejudicar a saúde.

            A Terapeuta Ocupacional afirma que geralmente vivemos na lógica de que o
conhecimento deve ser passado do profissional para a sociedade. "Devemos
romper com o paradigma de que a criança ou o adolescente não pode contribuir  para o processo de promoção de saúde deles. Eles podem ser ouvidos sim. Eles são os protagonistas dos processos". Natália também relata que a ação da Terapia
Ocupacional é não interferir na escolha desse público. "O próprio público infantojuvenil irá identificar as problemáticas em rodas de conversa, rodas lúdicas e eles mesmos (crianças e adolescentes) a partir da sua realidade e vivência, irão nos expressar o que eles têm mais dificuldades e vontade de aprender sobre saúde".

             Além da Natália, o Projeto na Paraíba é desenvolvido por uma bolsista (escolhida através do Probex) e cinco voluntários (selecionados através de histórico acadêmico e entrevista). É realizado semanalmente na Instituição educacional: Vem Cuidar deM Mim localizada no Timbó, Zona do Sul de João Pessoa. A Instituição possui perfils semelhantea uma ONG e recebe crianças em vulnerabilidade social no período contrário ao escolar para atividades pedagógicas, reforço escolar e atividades artísticas.

            A faixa etária das crianças beneficiadas com o projeto varia de 8 a 10
anos, por entender-se que nessa fase a criança já possui um pensamento mais
crítico, questionador e de opinião própria.
Já em Pernambuco, o projeto é coordenado por Daniela, também com ajuda de bolsista e voluntários em uma ONG de Recife, mas voltado para o público adolescente.

Dificuldades

            Apesar dos impactos sociais benéficos que o projeto traz para a Instituição, Natália nos conta que inicialmente o "Vamos ouvir as crianças" na Paraíba seria desenvolvido em uma escola municipal dos Bancários com divisa no Timbó, que também o possui perfil de vulnerabilidade social que o projeto precisa para ser realizado, mas a escola alegou que já tinha parcerias com outros projetos e teria uma superlotação, no ambiente, o que não seria adequado para o clima escolar.

          Na sua visão, a escola achou que teria um trabalho a mais, os professores teriam quem mudar sua rotina no dia do projeto, por isso não quiseram se envolver muito, ou até mesmo acharam que estariam sendo avaliados devido à presença da Universidade na escola, e por mais que se tentasse explicar, não é dessa maneira que o projeto seria visto.

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