sexta-feira, 9 de maio de 2014

Kes: um filme sobre a infância e liberdade

Poster do filmes kes. Retirado de altscreen.com. Descrição para cegos: cartaz do filme mostra, à direita, "Kes" e embaixo "a film by Ken Loach". Abaixo, há um menino levando, através de uma corda, um falcão, disposto à esquerda, que está voando atrás do garoto sobre um sol alaranjado.

       Um bom filme para pensar como o universo juvenil pode ser suprimido pela falta de perspectiva e de atenção é Kes, poético filme britânico de 1969, dirigido por Ken Loach. Nesta obra nos é apresentada a dura vida de uma criança na classe operária, sob a perspectiva de Billy Casper, um garoto de 15 anos que divide seu tempo entre o desleixo da mãe, a opressão do irmão mais velho e as constantes humilhações no colégio.

        A total falta de perspectiva de vida e incentivo faz com que Billy encontre amparo na tarefa de treinar um falcão encontrado em um ninho numa fazenda próxima. Aprendendo com um livro roubado em uma loja, ele passa os dias a treinar o falcão – o qual ele chama de Kes. Observando a ave alçar voo para depois voltar em segurança para sua luva, o garoto vivencia a relação onde metaforicamente ele possa voar e ser livre, sabendo que pode, a qualquer momento, retornar para junto de uma mão amiga.

        Kes mostra que todos os fatores que compõem um adulto, toda a experiência, o discernimento e até mesmo a força física encontram-se minimizados nos jovens. Esses “pequenos adultos” aparentam viver em um mundo diferente do nosso, mal podendo interpretar nossas complicadas relações e deveres, e tantas vezes incapazes de expressar-se da forma adequada. Entretanto, eles são capazes – e muito – de sentir.


     Porém é, infelizmente, comum o pensamento de que as crianças e adolescentes não possuem complexidade em seus sentimentos e formas de ver o mundo. Talvez seja um lugar comum a máxima de que “as crianças são o futuro”, mas em nada deixa de ser verdade. Então não faz o menor sentido negar a elas atenção, respeito e segurança. E também compreensão, afinal elas não são nossa propriedade ou objeto. Tal como Billy afirma em um trecho do filme, o falcão não é seu animal de estimação; ele é um ser livre, que apenas o lega o privilégio de ser observado.

Jhonattan Anderson

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