terça-feira, 13 de maio de 2014

O impacto negativo do marketing infantil

Foto: Paul Townsend / Wikimedia Commons. Descrição para cegos: foto em preto e branco mostra uma família, aparentemente dos anos 50, em uma sala. O pai está sentado em uma poltrona e a filha está sentada no apoio. A mãe e o filho estão sentados no chão e todos estão assistindo à televisão. No fundo, há uma estante com livros e, embaixo, em uma mesinha, há uma bandeja para chá.

O interesse na infância não desaparece nas bordas da política, mas caminha também por diversas esferas da sociedade, como a economia. Há empresas que visam ampliar seu impacto no consumo de um determinado produto através da persuasão na propaganda. Buscam por indivíduos mais susceptíveis a aceitarem que o produto de uma empresa é melhor do que os de outras. Esses personagens mais vulneráveis são as crianças, por apresentarem o senso crítico ainda pouco desenvolvido, podendo prejudicar a absorção dos valores sociais.

O texto “O impacto negativo do marketing infantil” foi divulgado por Bia Cardoso para o blog Amálgama, em 26 de outubro de 2011, e editado para o ‘Cidadania: Infância e Adolescência’. (Arthur Medeiros)

“Somos a sociedade do consumo. [...] Consumo é estímulo para desenvolvimento econômico. Mas até que ponto é saudável consumir tanto? [...] É bom consumir muito? Até que ponto o que é consumido tem sido fundamental para nos definir? A publicidade é a primeira indústria criada exclusivamente para a promoção do consumo. Agora o consumidor deve ser motivado, seduzido a adquirir tal produto ao invés de outro.  

Muitas vezes acabamos não sabendo por que compramos um produto específico. Qual a diferença entre desejo espontâneo e apelo de mercado? As crianças sabem distinguir o que está por trás da publicidade? Ou o objetivo é continuar formando mais ávidos consumidores? A publicidade possui uma avançada tecnologia de persuasão. Onde está a ética ao focar crianças como consumidoras? Afinal, sabemos que crianças ainda não têm o desenvolvimento cognitivo e pensamento crítico completamente desenvolvidos, e muitas vezes não diferenciam um programa de tevê de um comercial. Embora, de acordo com a lei, as crianças não possam comprar um automóvel ou um celular, elas são abordadas diretamente pela publicidade como plenas consumidoras. Basta ver a quantidade de propagandas de celulares com crianças e as propagandas de carro em que pais pegam os filhos na escola.

Há muito tempo a publicidade percebeu que as crianças têm influência nas compras da família. Técnicas de venda, linguagem específica e fantasias são usadas para conquistar a atenção e a emoção das crianças. Que criança não quer um cereal extremamente açucarado para ficar mais próxima do tigre protetor e forte? Quantas meninas não querem ser magras, loiras e eternamente lindas como a boneca? O incentivo ao consumo também segrega a criança, pois ela se sente inferior ao coleguinha que tem o brinquedo da moda. Acredita que sua mãe é malvada porque não permite que coma todas as guloseimas, como a mãe do comercial. Quais seriam os valores que a publicidade transmite?
A responsabilidade pela educação das crianças deve ser de todos: família, estado e sociedade. Portanto, a regulação da publicidade dirigida às crianças é fundamental para formação plena do indivíduo. [...] O que caracteriza o abuso da publicidade dirigida à criança é, principalmente, o fato de se aproveitar da ingenuidade infantil para vender produtos e serviços. A criança acredita no que ouve e vê. Portanto, também acredita que o produto ou serviço vai realmente proporcionar os benefícios e prazeres que a publicidade promete.
 [...]
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o artigo 227 da Constituição Federal estabelecem medidas concretas para a garantia dos direitos das crianças e adolescentes. Responsabiliza nominalmente a família, a comunidade, a sociedade e o Estado pelo bem-estar e saudável desenvolvimento da infância e da juventude. No ECA, o artigo 4° indica a preservação da liberdade, e o artigo 17 garante a preservação da autonomia das crianças e adolescentes. O marketing infantil ignora esses direitos fundamentais e invade o espaço infantil, rompendo com a preservação da integridade. Por não conseguir se posicionar criticamente frente a uma publicidade, a criança tem seu direito de liberdade e capacidade de autodeterminação violados.”



Para ler o texto na íntegra acesse: www.amalgama.blog.br/10/2011/marketing-infantil/

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