segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Carta para a criança que eu fui

Legenda para cegos: Ilustração contendo uma carta aberta, dentro dela saindo um papel com um coração nele.
Por Gleyce Marques
Menina tua música preferida aos 20 ainda é “Rato meu querido rato”. Não tens carro na garagem, muito menos uma garagem, pelo menos não ainda. – Trabalhando nisso. A maioria dos teus sonhos foram realizados, os demais não eram tão importante assim, afinal de contas, saltar de paraquedas não agrega em um currículo.
Deve está com uns sete anos de idade, com um ódio sem fim do seu cabelo e todo o bullying e racismo que acompanha ele. Está percebendo que ser “diferente” incomoda seus coleguinhas e até gente grande, mas acredite seu cabelo ainda vai ser motivo de orgulho.
Alerta de spoiler! Menina tu não vai ser perita criminal, muito menos juíza, vai por mim não faz seu tipo. Conhecendo-te do jeito que te conheço, deve está enlouquecendo de curiosidade pra saber o que vai ser quando crescer, outro spoiler, esse texto tem a ver com isso.
Ouve teus pais, por mais que ache estranho eles realmente sabem o que é melhor pra você. Pelo amor de Deus! Presta atenção na aula de matemática, e vê se entende um troço chamado de fração, é um saco, mas vai te poupar tempo futuramente, e de bônus estuda japonês. Melhora sua postura, isso vai me evitar várias dores. Não tenha pressa em crescer, vai por mim, você odeia ser gente grande, principalmente pagar boleto. Se por algum motivo eu acordar fluente em japonês, sei que a carta foi entregue. Com carinho, eu aos 20.

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